domingo, 19 de maio de 2013

O que cabe em você?

Estive no salão Circus Hair nesse final de semana com a minha mãe, que ia tesourar o cabelo. Já tinha ido lá duas semanas atrás, quando resolvi que assumiria o que sempre existiu em mim: o cabelo curto.

Lá é um lugar lindo, um lugar que adoro estar... porque além de muito colorido, é um canto que me tira da minha zona de conforto. É um lugar diferente, com pessoas diferentes, com um astral incrível e penteadeiras de todas as cores. Enfim, um achado.

Aí quando estava lá, pensei numa coisa:
Sabe quando você está num grupo de pessoas, em algum lugar pro qual foi convidado e você se sente absolutamente anormal? Você como eu, já deve ter passado por essa situação.

É péssimo, você sente que seu corpo está lá, mas que sua alma deve estar em algum lugar bem longe dali onde certamente você se sente mais acolhido e confortável.
Quando você se sente anormal numa festa, numa reunião ou num happy hour, em geral você acha que os outros estão errados, que eles são malucos, que não têm nada a ver com você e que eles não tão te entendendo. Eles são tão normais. Não é?

Nesses momentos você abre a boca, quando deveria abrir a mente. Fecha os ouvidos, quando deveria fechar a boca. Não abre a guarda porque fechou o coração.

É uma sensação de não pertencer. Uma sensação que sinto muitas vezes, em vários lugares diferentes, as vezes com pessoas que amo incondicionalmente. Já senti isso até sozinha num mercado.
Minha intuição me diz que isso tem a ver com você não estar preparado praquilo naquele momento. O universo simplesmente errou no desenho do espaço-tempo nessa hora.

Aí pensei que pior que se sentir anormal em um grupo, é sentir normal. Por que aí, você é o maluco que não tá entendendo aquele momento. E lá no Circus Hair eu tive uma sensação assim. Me senti normal. Porque lá as pessoas são lindas e tão diferentes entre si que é um desatino eu querer ser igual ao que tem lá fora. Elas não são diferentes do tipo que me assustam, mas diferentes do tipo que me deixam feliz, que me fazem pensar que nesse mundo cada um pode fazer o quiser.

E não é o cabelo moicano, a saia curta com meia calça estampada e bota, ou a maquiagem Winehouse que me faz pensar que lá todo mundo é diferente. Eu poderia usar tudo isso e continuar sendo igual. Igual ao que eu sou, igual ao que a sociedade considera "aceitável" (e que me dá vontade de vomitar) ou igual a maioria jeans e all star.

O que me faz pensar que lá todo mundo é diferente, é a impressão que eu tenho que todos eles escolheram suas vidas. Só gente com um olhar especial e amoroso pra vida, sabe intuitivamente que a cor da roupa, do cabelo ou do chapéu não importa, e que não é importante pintar dentro do contorno.
É gente livre, que recebeu a alforria muito antes de escolher nascer (porque sim, eles escolheram nascer). São tão livres, que não gastam tempo com o julgamento. Diferente de mim e talvez de você.

Eu luto diariamente pra ser mais livre, autêntica, honesta comigo e com você.
Como diria Lulu Santos: "Eu vejo um novo começo de era, de gente fina, elegante e sincera... com habilidade, pra dizer mais sim do que não."

Lá no Circus essa era já chegou. Gente fina, finíssima. Elegante, sincera e fiel ao que se propuseram a fazer na terra antes de desembarcarem aqui com suas malas diferentes. Suas malas cheias de mágica.
O tipo de gente que deveria ser onipresente, pra mostrar que amor, simpatia, gentileza, liberdade e um olhar especial, você trás de casa (daquela... espiritual).

Eu me senti normal, mas também feliz em ter certeza que isso... isso não é normal.

Um comentário:

  1. Putz, acho que sou bem normal... deu vontade de ir nesse não normal lugar... quer dizer, fui lá ao te ler!!

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